Em função do que se foi produzindo nestes dois anos há conclusões que se poderão adiantar. Em sentido restrito, verifica-se que existe um conhecimento incipiente quanto ao Turismo Militar em Portugal, nomeadamente quanto à sua presença na estratégia turística nacional e de entidades que promovam e comercializem atividades dessa natureza. Contudo, no seguimento do que já se encontra a desenvolvido, o território conta com um conjunto de bens e serviços e, mais recentemente, com um conjunto de intenções públicas e privadas, que irão, prevemos, facilitar o desenvolvimento concertado de produtos e atividades desta natureza.
Conclui-se, igualmente, que a interação entre o turismo e o património histórico-militar nacional pode potenciar o desenvolvimento de novas atividades e produtos, assim como complementar as já existentes, é admissível que a história militar nacional reúne condições para criar novas experiências turísticas e culturais. Continuar a inventariação e produzir interpretação patrimonial orientada aos públicos da cultura e do turismo temático tem caminho para seguir.
Associado às identificadas questões de "coesão social" e de "dever de memória", inúmeras vezes referidas nesta publicação, importa sublinhar que se concluiu que as comunidades locais devem ser incluídas no processo de dinamização do Turismo Militar, sendo que devem ser criadas e estimuladas condições para o setor empresarial revelar-se como determinante para o Turismo Militar. Deve-se, igualmente, afirmar as Forças Armadas enquanto ator irrefutável deste processo, compreendendo as suas possíveis reservas e condicionantes neste contexto, atendendo à sua principal missão institucional. Esta conclusão inscreve-se num contexto de possível desenvolvimento económico, cultural e social das referidas comunidades, das organizações e dos próprios territórios.
Considerando que, conforme espelhado nesta publicação, a ativação do património que serve o turismo, nomeadamente enquanto elemento de afirmação e dinamização, solicita metodologias de abordagem que sejam holisticamente aceitáveis e que tenham efeitos de ciclos longos, o presente estudo centrou-se em domínios que, numa proposta desta natureza, reúnem condições para o desenvolvimento concetual e operacional do Turismo Militar.
Nessa ótica de investigação e considerando-se que o objeto de estudo é compósito, na medida em que se trata de Turismo Militar, adotou-se um esquema metodológico, inovador e singular, assim como um acervo de conhecimento científico e institucional, composto por referências bibliográficas determinantes e pela apresentação de estudos de casos e visões institucionais concretas. As opções metodológicas que se poderiam seguir foram sendo trilhadas experimentalmente nas Visitas Técnicas que preencheram grande parte das tarefas de observação e análise, de descrição e síntese que foram formuladas e cumpridas
Os resultados e as contribuições patentes neste documento reúnem, em nossa análise, um desfecho sobre o trabalho concretizado até à data, de forma orientada à problemática da concetualização e operacionalização do Turismo Militar no território nacional e, bem assim, às alternativas que possam determinar novos caminhos de pesquisa a serem seguidos em investigações futuras. É da capacidade da Carta Nacional do Turismo Militar para concitar atenções e investimentos que depende grande parte do futuro empresarial e até institucional do turismo militar. Sem uma visão integrada sobre o papel do património militar na sua multivariada influência sobre os territórios onde se encontra sedeado, sobre as populações locais e pessoas que procuram estar em confronto com esse tipo de património e sobre as organizações públicas e privadas que, necessariamente, em conjunto, são a estrutura de suporte a esta proposta de Carta Nacional de Turismo Militar.
Em suma, as conclusões retiradas deste projeto levam-nos a considerar que o Turismo Militar requer um processo de ativação patrimonial de natureza intrínseca a este domínio da cultura material e imaterial, dada a reserva do "objeto" militar e a abordagem de operacionalização turística que ela exige.
Reconhecendo que o desenvolvimento de sinergias nas ações associadas à articulação entre o turismo e o património, não deve ser interpretado somente como uma questão de mera vontade política, mas sim, entre outras, como uma questão de "sobrevivência", a equipa que se encontra associada a este projeto encara e interpreta o Turismo Militar e o seu respetivo percurso concetual e operacional, com um caso de sucesso nacional e internacional na área do turismo, do património, da sustentabilidade e da memória coletiva.